De seu nome completo José Simões de Almeida Júnior, quase sempre conhecido artisticamente por Simões de Almeida (tio). Nasceu em Figueiró dos Vinhos, a 24 de Abril de 1844, e morreu a 13 de Dezembro de 1926. Em 1855, com 11 anos de idade, iniciou-se como aprendiz na oficina de fundição de ferro do Arsenal da Marinha, onde seu pai era chefe. Esta era de resto uma antiga tradição familiar, uma vez que seu pai e avô haviam sido mestres fundidores. Este aspeto biográfico irá ser naturalmente determinante para o futuro escultor, que desde muito novo começou a aprender os segredos das técnicas da fundição, das moldagens e das práticas oficinais. Aos 12 anos transitou para a secção de entalhador do mesmo Arsenal, aí revelando a sua propensão e qualidades para o trabalho manual. Assim, não surpreende que, perante as aptidões reveladas pelo jovem aprendiz, o inspetor do Arsenal, um comandante de mar e guerra, lhe concedesse licença para frequentar a cadeira de Desenho da Academia de Belas-Artes de Lisboa.
Simões de Almeida (tio) foi o primeiro bolseiro de Escultura da Academia de Belas-Artes de Lisboa a estudar no estrangeiro (Soares dos Reis seria da Academia do Porto). Como o próprio Assis Rodrigues afirma, o aluno estava um escultor feito e a Academia já pouco ou nada tinha para lhe ensinar. Para prosseguir e aprofundar os seus conhecimentos, seria pois necessário estudar fora do país, para contactar com tudo aquilo que existia na Europa.
Paris foi a cidade escolhida, porquanto era o grande centro da arte europeia de então. Aqui frequentou até 1870 a Escola Imperial de Belas-Artes e as lições do professor François Jouffroy (1806-1882), considerado um escultor oficial.
Em 1872, regressou a Portugal devido à Guerra Franco-Prussiana, depois de se ter alistado num batalhão de estudantes. De Lisboa segue diretamente para Roma, cidade fundamental para qualquer escultor, mais do que Paris. Na Cidade Eterna, contactou com as impressionantes coleções de escultura grega, helenística, romana, renascentista e barroca, encontrando aí Soares dos Reis. Em Génova, contactou com Giulio Monteverde (1837-1917), um dos mais importantes escultores italianos da época, autor de uma obra de carácter naturalista, que lhe foi apresentado por Alfredo de Andrade.
Em Lisboa, onde chegou a 21 de Fevereiro [1872], teve uma vida um pouco difícil, esculpindo apenas uma estátua para um cemitério e alguns camafeus, que deixou de fazer por não terem sido apreciados. Apesar de tudo montou atelier na Rua do Duque de Bragança.
Pelo decreto de 23 de Junho de 1881 é nomeado, por dois anos, para a regência de 2.ª (Desenho do Antigo). Confirmado no cargo pelo decreto de 20 de Setembro de 1883, regeu essa cadeira até 30 de Junho de 1896.
No ano de 1896, ascendeu à regência da 6.ª cadeira (Escultura) pelo decreto de 6 de Junho, sucedendo a Vítor Bastos, falecido em 1894. Mais tarde foi professor da 9.ª cadeira (Escultura e Estatuária) pelo decreto de 14 de Novembro de 1901. Pelo falecimento de António de José Nunes Júnior, pintor e professor de Gravura, foi nomeado, pelo Conselho Escolar, diretor interino da Escola de Belas-Artes de Lisboa em 9 de Março de 1905 e confirmado nessa nomeação por despacho de 6 de Abril. Foi finalmente nomeado diretor pelo decreto de 5 de Julho de 1905, acumulando com as funções de professor de Escultura. Foi ainda diretor interino do Museu Nacional (antepassado do Museu Nacional de Arte Antiga) entre 9 de Março e 5 de Julho de 1905.
Professor de Desenho e de Escultura na Escola de Belas-Artes de Lisboa durante 31 anos, formou num exigente e correto academismo várias gerações de artistas.
In PEREIRA, José Fernandes (dir.) - Dicionário de escultura portuguesa. Lisboa : Caminho, 2005.